Marcas que ficam pessoas que se
vão.
No último post mostrei para o
leitor que uma pessoa pode ser conhecida como cristão sem ser. Hoje quero falar
sobre o quanto pessoas podem ser marcantes em nossas vidas mesmo sem saberem
disso.
Na minha infância sempre fui uma
pessoa de poucos amigos, não era nada legal com meus colegas na escola e sempre
tinha uma briga reservada para mim no final da aula, as vezes eu apanhava até
sem saber o motivo, nunca fui um valentão, mas sempre os provocava.
Na quarta série do ensino
fundamental eu conheci a pessoa a quem este post se refere, irei chamá-lo aqui
de JC. Até o fim dos post entenderam o porquê de não divulgar o nome dele.
Eu com onze anos e o JC com dez,
estávamos na quarta série e eu sempre fui muito competitivo, sempre gostei de
tirar notas elevadas e ter a atenção dos professores, nossa professora se
chamava Aparecida (carinhosamente tratada de Cida). Tenho uma forte lembrança
da quarta série e do JC nela, por dois motivos. Eu tentei dar uma pedrada nessa
professora por que ela zombou do cruzeiro em sala e pelo fato de o JC ser um
menino muito inteligente e me superar nesta série.
Bom foi assim que o conheci, depois
cada um seguiu seu caminho na vida, acho que ele foi para uma escola militar na
época. Eu continuei na escola que estudamos juntos até a quinta série e depois
me mudei do bairro onde morávamos.
Neste meio tempo me envolvi com a
igreja quadrangular e comecei a conhecer um pouco deste universo evangélico,
veio a adolescência e acabei voltando para o bairro que vivi minha infância.
Já no ensino médio eu estudava em
um bairro distante do nosso, tinha que pegar uma condução pública para chegar à
escola. E numa dessas viagens eu encontrei com o JC e com seu irmão FS no
ônibus. Eu estava no auge de minha vida com Deus (Assim eu pensava). Pregava no
ônibus de um jeito indireto, eu conheci uma moça que também partilhava da fé e
nós conversávamos sobre o evangelho, sem firulas (muitas pessoas depois me
contaram que passaram a ver Jesus de uma forma mais viva ouvindo as nossas
conversas). E neste dia que encontrei o JC e o FS os dois estavam tão estranhos
que eu pensei que eles estavam bêbados, estavam muito loucos. Eu não deixei
passar fui até os dois e perguntei o que haviam bebido, porque dois jovens cristãos
estavam tão loucos daquela forma. Para minha surpresa os dois não estavam
embriagados de bebida forte e sim havia experimentado de uma experiência numa
igreja que eu viria a conhecer mais tarde.
Depois de interrogá-los o JC, A
Luciene e eu passamos a conversar juntos todos os dias no ônibus, e uma grande
amizade surgiu Dalí.
Passei a frequentar a mesma igreja
que ele, e o JC um dia me levou a tal igreja, onde ele e o irmão haviam tido a
tão louca experiência, eu me apaixonei por aquele lugar. Passei a ir lá e
comecei ver a tal experiência de perto. Nos tornamos amigos e passamos a viver
muito tempo juntos. Com ele aprendi muito sobre ter alguém próximo e o sentido
da frase, “Pedi a Deus um amigo e Ele me deu um irmão”. Quantas coisas vivemos
juntos.
Algumas delas em especial não posso
deixar de citar.
O dia em que Deus me mostrou que eu
não estou aqui por acaso.
O JC é uma pessoa que tem uma
intimidade com Deus ímpar. Teve uma vez que ele me convidou para orar com ele
na igreja por um tempo todos os dias às 06 da manhã. Acordar cedo na época não
era minha praia, mas como foi ele quem me convidou eu não conseguia recusar.
Estávamos orando um dia e eu decidi abrir a minha bíblia, não aleatoriamente,
mas em Isaías 41. Nós estávamos estudando juntos o Cap. 6 de Isaías. Quando eu
li aquele capítulo e vi Deus nitidamente trocando o nome de Jacó e Israel (que
são a mesma pessoa) para Bruno me perdi em prantos, daquele dia em diante
sempre soube que Deus estava comigo e que Ele tem algo para realizar em minha
vida. Leia o Cap. 41 todo e entenderá o que eu aprendi naquele dia.
O dia que tive certeza de ser Jesus
Deus.
Outra coisa marcante em minha vida
foi o a primeira vez que li Romanos 9:5 onde o Apóstolo Paulo afirma
veementemente que Jesus é Deus. (Como eu fui um estudante das testemunhas de
Jeová eu sempre questionei isso até ler Romanos 9).
O dia em que eu quis ter mãe.
Como estávamos vivendo muito tempo
juntos, ele e o irmão iam de vez em quando para minha casa e eu não saí da casa
deles. Em uma das muitas vezes que dormi na casa dele, minha vida foi mudada
completamente. Dormíamos no quarto o JC, o FS e eu, logo pela manhã a mãe deles
saindo para o trabalho foi ao quarto se despedir dos filhos, ela deu um beijo
em cada um, que estavam apagados, dizendo: Deus te abençoe meu filho. E para
minha surpresa e alegria ela foi até a cama em que eu estava dormindo e fez a
mesma coisa comigo me beijou e disse: Deus te abençoe meu filho. Isso me
marcou, eu fiquei com isso na minha cabeça o dia todo. Como uma mulher que não é
minha mãe pode fazer para mim um gesto de amor tão bonito. Eu quis pela
primeira vez me aproximar da minha mãe.
Eu não fui criado com minha mãe e
para mim eu não sentia falta de ter uma. Não sentia até ver o que é uma mãe.
Pouco tempo depois eu fui procurar a minha mãe e acabei indo morar com ela,
numa das mais gloriosas experiências de vida que já tive até hoje.
Indo morar com a minha mãe mais uma
vez perdi o contato com JC e sua família. Uns dois anos depois eu descobri que
ele havia se casado. Deveria eu ficar feliz por isso não acham? Sim eu deveria,
mas naquele momento eu me senti um lixo. Como podia uma pessoa que eu tanto
amava se casar e nem sequer procurar me convidar?
Mas como o amo muito isso não durou
muito tempo. Aí você se pergunta o porquê do título.
Simples. Eu encontrei o JC no
Facebook ele aceitou o meu pedido de amizade. Mas nunca mais falou comigo, eu
não sei o motivo até a presente data que escrevo este artigo. Você pode dizer
que isso é uma besteira de minha parte. Seria, se eu não estivesse sofrendo por
não entender este silêncio. Até mesmo a esposa dele vez ou outra conversa
comigo na rede social.
E o mais triste de tudo isso é que
eu não tenho conseguido me ligar em uma amizade desde então. Sabe essa coisa de
partilhar a vida com alguém, dividir momentos de tristezas e alegrias? Isso
morreu em mim.
Para completar fui dar um Stalker
(Bisbilhotar) o face dele para escrever este artigo e descobri que hoje ele
trabalha na área de logística este ramo que hoje tanto estudo e no qual
dediquei maior parte de minha vida profissional.
Bruno Rodrigo dos Santos Souza
Nenhum comentário:
Postar um comentário